Ir à uma banca de jornal e buscar pela sua revista predileta é hoje algo simples e que pode ser algo tão habitual que pode passar despercebido dentro da rotina diária, porém é interessante pensar que assim como outros hábitos e práticas do dia a dia contemporâneo, o ato de folear uma revista nem sempre foi tão acessível a todos.
A "revista" da forma como a conhecemos hoje, é uma invenção do século XVII surgida na Alemanha, este modelo de publicação foi criado pelo teologo e poeta Joahann Rist na cidade de Hamburgo em 1663 com um nome sugestivo
“Erbauliche Monaths-Unterredungen" ou em português "
Edificantes discussões mensais", os conteúdos tratados eram relacionados a discussões filosóficas e a apresentação de poemas, no mesmo século nove anos após surgiu na França a revista "Le Mercure" e em 1690 a na Inglaterra é publicado outro periódico chamado "Athenian Gazette".
 |
Terceiro volume da Revista "Athenian Gazette"
Muitos elementos transformaram-se desde então nas publicações, a forma de escrita, o papel utilizado, os temas abordados, destas transformações uma das grandes mudanças está na maneira da qual este veículo de comunicação relaciona-se com o público leitor no primeiro contato. Antes apresentada essencialmente com textos que apresentavam os principais assuntos abordados na publicação, com o tempo, a revista foi se apropriando de forma mais intensa do uso de imagens para transmitir ao leitor suas intenções e temas de discussão que os magazines trazem a tona.

Na imagem acima podemos ter contato com uma das capas de revista mais famosas de toda a história, com uma foto clicada pela famosa fotógrafa Annie Leibovitz Demi Moore é fotografada nua e grávida para a capa da Revista Vanity Fair, apesar de históricamente recente (a foto é da década de 90) a imagem quebrou com diversos paradigmas e apresentou uma forma de mostrar a fama e a gestação das mulheres famosas que foi copiada mundo a fora inclusive no Brasil.
Anterior a esta imagem, e sem dúvida uma das capas mais marcantes de todos os tempos, a foto desta capa (também realizada por Leibovitz) traz em apenas uma imagem toda a comoção acerca do assassinato do cantor John Lennon, nesta imagem, John e Yoko são retratados de uma maneira delicada e ao mesmo tempo muito intensa e que mesmo sem a intenção de retratar a morte do Cantor, pôde e pódeexplicar ao Mundo o tamanho de tragédia ocorrida na década de 80.
No Brasil, os grandes veículos de comunicação impressa que tem nas revistas seus grandes produtos, costumeiramente usam do recurso da fotografia para construir seus discursos e vender suas propostas e produtos para a população, atrizes apresentam seus corpos perfeitamente modelados pelas dietas da moda, belas mulheres despertam o desejo masculino em poses ousadas e os campeões do último Campeonato Brasileiro estampam a capa do noticiário esportivo com o troféu ao alto.
 
Observando a apresentação destas duas capas da Revista Veja, podemos perceber o quanto a composição e o preparo da capa de uma publicação pode colaborar no discurso a na posição que o veículo quer apresentar para o público, no primeiro caso na época de sua eleição no final da década de 80, o então candidato a presidência da República, Fernando Color de Mello é lançado como o grande "Caçador de Marajás", retratado como um jovem político que iria livrar o País dos "marajás", sabemos hoje que a trajetória do primeiro presidente eleito de forma direta pelo povo brasileiro não foi longa porém os resquícios de sua história ecoam até hoje e foram utilizados pelo mesmo veículo anos depois já nos anos 2000 para então comparar a situação do então presidente Lula com a passada por Collor. Utilizando de recursos como a composição sóbria e a analogia das letras "L" nas cores que Collor utilizou em sua campanha na década de 80, a Revista então apresentava a situação política de Lula como agonizante, tal qual da era do "Caçador de Marajás".
|